4/11/2013
Feliz dia do Jornalista
Por ocasião do dia do Jornalista, mas não por causa dele, decidi finalizar a primeira temporada de "The Newsroom". A série, produzida pela HBO, foi ao ar durante junho e agosto de 2012 e mostrou a rotina de uma redação de jornal de tv durante vários dos eventos importantes que mereceram virar notícia durante 2012. Alguns dos assuntos abordados: o início da primavera árabe, a eleição do 112º Congresso, o crescimento do Tea Party nos Estados Unidos e a morte de Osama Bin Laden.
O protagonista, republicano assumido, resolve mudar de postura após a reformulação da sua equipe e do programa que apresenta. A contratação de uma nova produtora, sua ex namorada [e isso aparece muito pouco na trama], acaba por despertar nele uma postura mais incisiva. A explicação dos novos paradigmas do jornal no segundo episódio da série é digna de admiração.
Curioso é perceber como, mesmo longe, algumas coisas não mudam. Há nos Estados Unidos emissoras como a Fox News, que se prestam a atacar o governo democrata e endeusar as atitudes de membros dos partido republicano. Essa atitude é até mesmo motivo de gozação em outros programas, como no SNL.
De forma quase similar, temos no Brasil jornais e revistam que curvam-se aos interesses do maior bolso com a naturalidade de quem toma café de manhã e esquecem da sua função crítica. A crítica, entretanto, acaba levando a uma infrutífera troca de acusações. Por aqui, infelizmente, qualquer provocação ao concorrente é respondida com processos por danos morais e materiais. Uma pena.
Não quero com isso dizer que jornais e jornalistas não devam tomar posição. Como formadores de opinião, talvez fosse melhor para ambas as partes que essa posição ficasse clara desde o início. Isso, acredito, fortaleceria a coerência, a autocrítica e, quem sabe, até melhoraria a qualidade dos veículos de comunicação. Mudar de posição conforme o bolso do patrocinador ou para agradar o dono da caneta governamental só prejudicam a nossa profissão.
O mundo real também aparece muito no universo da série. É nesse aspecto que a série da HBO ganha pontos. Algumas matérias e editoriais se baseiam em depoimentos reais. O editorial, quase sempre incisivo, aborda questões relevantes. Mostro, a seguir, um editorial onde ele faz suas críticas à mídia norte americana. O discurso é digno de aplauso.
A lição que fica, acredito, é a frase do Millôr sobre jornalismo: "Jornalismo é oposição. O resto é armazém de secos e molhados". Recomendo a você que veja a série. São apenas 10 episódios com a qualidade HBO [mesmo nível de Game of Thrones e Mad Men, por exemplo]. Veja. Você não vai se arrepender. E um recado aos meus amigos jornalistas: se essa série não inflamar os seus brios, talvez você esteja na profissão errada.
Inté
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