Admiro o Luís Fernando Veríssimo. A memória, entretanto, não me permite
fixar a data ou o momento em que tive o primeiro contato com as suas crônicas,
embora acredite ter sido uma crônica perdida dentro de um livro de português ou
em algum paradidático passado nos anos de escola.
Nos reencontramos, com seriedade da minha parte, quando eu estava na
faculdade. Comprei vários de seus livros e gostei tanto que os reli diversas
vezes em diversos momentos. Eles me acompanharam nos lugares mais improváveis e
fizeram parte da minha vida das mais variadas maneiras. Sempre tenho um livro
seu à mão para uma leitura leve e descompromissada ou mais densa. Luís Fernando
Veríssimo, além de cronista de humor consagrado, aborda assuntos mais sérios
com sagacidade.
Mais do que acompanhar seus lançamentos, o autor também serviu de referência.
Quantos das minhas observações cotidianas não tiveram uma ponta de inspiração
sua? Outro dia até pensei em fazer uma paródia com um de seus textos, mas
desisti por achar que seria incapaz de manter o nível do original.
Sou conservador nesse ponto. Considero-me incapaz de transgredir uma obra
que admiro. Por esse motivo, fico receoso quando uma das minhas obras ou
autores favoritos sofre essa ameaça. Já me decepcionei o suficiente com
adaptações de obras que gostava para TV e cinema.
Esse foi um dos motivos, talvez o mais determinante, que me levou a ver
“Amor Veríssimo”. A promessa de ver contos levados para a TV despertou
completamente a minha curiosidade. Gostaria de ver os temas e como eles seriam
abordados. Estava, mais uma vez, cheio de expectativas.
O primeiro episódio da nova série me surpreendeu. Mas foi o episódio
sobre timidez que me despertou completamente a atenção. Ver um tema que sempre
me foi muito caro, assim como também ao autor, ser abordado de uma forma tão
sensível, falando de forma verdadeira e acertada sobre as nossas dificuldades
em lidar com nós mesmos e como lidar com o outro no dia a dia foram
determinantes no meu convencimento. Já faço planos de acompanhar a série da
forma mais fiel possível.
Mas, por melhor escudo que seja, a
timidez sempre cobra o seu preço. O recolhimento em si mesmo nem sempre é a
resposta e, como os personagens do episódio “A exploração de Marte”, não se
pode deixar a oportunidade passar.
Victor Castelo Branco – cbvictor@gmail.com