1/17/2014

Ao mestre com carinho


Admiro o Luís Fernando Veríssimo. A memória, entretanto, não me permite fixar a data ou o momento em que tive o primeiro contato com as suas crônicas, embora acredite ter sido uma crônica perdida dentro de um livro de português ou em algum paradidático passado nos anos de escola.
Nos reencontramos, com seriedade da minha parte, quando eu estava na faculdade. Comprei vários de seus livros e gostei tanto que os reli diversas vezes em diversos momentos. Eles me acompanharam nos lugares mais improváveis e fizeram parte da minha vida das mais variadas maneiras. Sempre tenho um livro seu à mão para uma leitura leve e descompromissada ou mais densa. Luís Fernando Veríssimo, além de cronista de humor consagrado, aborda assuntos mais sérios com sagacidade.
Mais do que acompanhar seus lançamentos, o autor também serviu de referência. Quantos das minhas observações cotidianas não tiveram uma ponta de inspiração sua? Outro dia até pensei em fazer uma paródia com um de seus textos, mas desisti por achar que seria incapaz de manter o nível do original.
Sou conservador nesse ponto. Considero-me incapaz de transgredir uma obra que admiro. Por esse motivo, fico receoso quando uma das minhas obras ou autores favoritos sofre essa ameaça. Já me decepcionei o suficiente com adaptações de obras que gostava para TV e cinema.
Esse foi um dos motivos, talvez o mais determinante, que me levou a ver “Amor Veríssimo”. A promessa de ver contos levados para a TV despertou completamente a minha curiosidade. Gostaria de ver os temas e como eles seriam abordados. Estava, mais uma vez, cheio de expectativas.
O primeiro episódio da nova série me surpreendeu. Mas foi o episódio sobre timidez que me despertou completamente a atenção. Ver um tema que sempre me foi muito caro, assim como também ao autor, ser abordado de uma forma tão sensível, falando de forma verdadeira e acertada sobre as nossas dificuldades em lidar com nós mesmos e como lidar com o outro no dia a dia foram determinantes no meu convencimento. Já faço planos de acompanhar a série da forma mais fiel possível.
 Mas, por melhor escudo que seja, a timidez sempre cobra o seu preço. O recolhimento em si mesmo nem sempre é a resposta e, como os personagens do episódio “A exploração de Marte”, não se pode deixar a oportunidade passar.

Victor Castelo Branco – cbvictor@gmail.com