4/24/2005

Sobre Racismo

por Daniel Cassol, da lista do Jacaré

Em São Paulo, o argentino do Quilmes foi preso por ter chamado o Grafite de negrito e macaco. Aliás, no final de semana a torcida do Quilmes desfraldou uma bandeira ofendendo o atacante sãopaulino outra vez. Dirigentes do futebol sulamericano já tiveram de pedir desculpas a clubes brasileiros por questões semelhantes.
Na Europa, mais de um clube - se não me engano - foi multado porque a torcida imitava um macaco quando jogadores como o Roberto Carlos pegavam na bola.
Pois no Rio Grande do Sul acontece, há décadas, um caso bem semelhante, e ninguém fala nada.

As torcidas do Inter e do Grêmio têm um grito semelhante:
Os colorados gritam:

Atirei o pau no Grêmio/ E mandei tomar no cu/ ô, gremista, filha da puta/ Chupa rola e dá o cu/ Ei, Grêmio, vai tomar no cu/ Olê, Inter! Olê, Inter! Olê, Inter!
É uma merda de grito, cheio de xingamento infantil e sem rima, mas é o que mais levanta a torcida. Eu sempre grito emocionado. O grito similar do Grêmio diz assim:

Atirei o pau no Inter/ E mandei tomar no cu/ Macacada filha da puta/ Chupa rola e dá o cu/ Ei, Inter, vai tomar no cu/ Olê, Grêmio! Olê, Grêmio! Olê, Grêmio!
Em outros momentos, também, a torcida gremista nos chama carinhosamente de macacada, em referência às origens populares do clube, ao fato de ter sido o primeiro a aceitar negros, etc.

A resposta da torcida do Inter é gritar, sempre que ganha do Grêmio, "Ah, eu sou macaco! Ah, eu sou macaco!", tripudiando o preconceito do adversário e celebrando a alegria de torcer pelo Clube do Povo. Tem até camiseta "Eu Sou Ma-Ca-Co".

É engraçado, que os poucos cronistas que comentam o assunto dizem que não se trata de racismo, porque a própria torcida do Inter gosta de ser chamada assim!

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