Um conto sobre racismo
Por Jusceni Rezende
Sexta feira, dia 24 de outubro de 2004, uma amiga convida a todos seus conhecidos para comemorar seu aniversário em um recente barzinho da cidade, que se propõem a ser um pub no qual só toque rock. Todos que em sua maioria ainda não conheciam a casa logo acharam uma boa idéia a proposta de ir ao "distinto" local até mesmo para variar de ambiente e tendo em vista que aparentemente o estilo musical era do gosto de todos.
A amiga, prevenida, reservou uma mesa para convidados a fim de garantir a presença de todos em sua comemoração, uma vez que a casa, como todo lugar do momento lota depois de um certo horário. A noite ia correndo e pouco a pouco seus convidados iam chegando. Quando o relógio passava das dez, percebemos um certo tumulto na porta, o segurança barrou pelo menos quinze pessoas, exclarecendo que a casa estava lotada e não tinha mais como ninguém entrar. Entretanto quatro convidados da minha amiga estavam de fora entre os barrados, sendo que na sua mesa havia vários lugares vazios esperando por esses amigos. Quando foi argumentar com o gerente da casa, irredutível, explicou que ninguém poderia entrar e deu o assunto por encerrado.
Após uma meia hora a porta do bar esvaziou visto que as pessoas aos poucos foram desistindo de tentar entrar e iam embora. O mesmo gerente que havia se mostrado intransigente chama minha amiga para conversar. Segundo ele, ela já poderia ligar para os convidados barrados e chamá-los para voltar ao local. Estranhando o fato minha amiga o questionou e teve a seguinte explicação: Na porta junto às pessoas barradas havia um negro com cabelo black pawer, que também era convidado de uma outra mesa na qual estava sobrando cadeiras. Classificando o visual do rapaz como não condizente com o ambiente da casa, não poderia entrar. Para não constranger o rapaz e não permitir sua entrada explicitamente, barrou a todos que chegaram no mesmo momento alegando a "lotação da casa".
Pálida a aniversariante volta para a mesa e conta a todos o que ocorreu. Revoltados, saímos da casa dispostos a nunca mais voltar e contar a todos os amigos para que façam o mesmo. O nome do bar é Boishoi, fica em frente ao Cateretê na T-2.
Freqüentar casas que se propõem a atitudes preconceituosas, seja racistas, sexistas, homofobicas ou classiais, invalida toda luta por uma sociedade de iguais. Mais do ler livros, debater entre os amigos, escrever textos, denunciar essas praticas... Temos que combater avidamente o preconceito e mais uma boa forma de fazer isso e incluir o boicote a lugares que disseminem essa prática.
10/03/2004
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