4/18/2013

Aula de Economia 01 - Os juros

Imagine um país que vamos chamar de A.

Agora vamos imaginar esse país esteja em um contexto de crise econômica. Para superar contextos de crise, ou mesmo para evitá-los ou diminuí-los previamente, Governos precisam manter a economia aquecida. Para isso, eles buscam investimentos de fora ou os fazem eles mesmos [em conjunto com a iniciativa privada, por exemplo]. Em conjunto, pode-se incentivar que a sua população interna consuma. Aí é onde entra a baixa dos juros.

O Banco Central começou a diminuir os juros e os impostos como forma de manter nossa economia aquecida. Crises econômicas, por mais cíclicas que sejam, tendem a ter efeitos fortes e prolongados. A crise de 1929, só pra citar um exemplo, só chegou ao Brasil alguns anos depois e foi muito severa com a economia do café. Foi nesse contexto que o Governo Vargas precisou agir para comprar, estocar e até queimar café para manter os preços. Hoje em dia, em tempos de maior intedependência, não há como um grande mercado, como a União Européia, pegar uma pneumonia sem que a América Latina pegue um resfriado.

A baixa de juros, embora seja boa para manter a economia aquecida, vêm com uma desvantagem: inflação. Não vivemos, e acho que nunca viveremos, em um tempo onde as pessoas se ajudam sem buscar ganhos pessoais. Se há mais dinheiro correndo no mercado, mais os preços dos produtos devem aumentar. Essa, acredito, é uma das grandes regras: quando mais dinheiro em circulação, maior a inflação. Dessa forma, o Governo deverá sempre injetar dinheiro na economia para cobrir os preços em uma espiral infinita que só vai desvalorizar a moeda como foi nos anos 80/ começo dos 90.

Para controlar a inflação, essa foi a motivação oficial, o Governo foi obrigado a aumentar um pouco a taxa de juros. Meus conhecimentos de economia, infelizmente, não são tão profundos. Não posso cravar a taxa ideal a que deveria subir para dar uma estabilizada. Acho, entretanto, que 0,25% é uma alta muito pequena. Vamos esperar que dê, pelo menos, pra segurar um pouco a onda da inflação.

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Em tempo, um adendo.

Quem coisa é o elemento político. A presidente já faz um comentário antes da reunião e os juros acabam subindo pouco. Alguns setores da oposição até comentaram a notícia em tom de lamento. Uma pena esse peso do setor político na nossa política econômica. Essa é uma medida necessária e precisava ser feita, por mais impopular que seja.


Inté

4/11/2013

Feliz dia do Jornalista


Por ocasião do dia do Jornalista, mas não por causa dele, decidi finalizar a primeira temporada de "The Newsroom". A série, produzida pela HBO, foi ao ar durante junho e agosto de 2012 e mostrou a rotina de uma redação de jornal de tv durante vários dos eventos importantes que mereceram virar notícia durante 2012. Alguns dos assuntos abordados: o início da primavera árabe, a eleição do 112º Congresso, o crescimento do Tea Party nos Estados Unidos e a morte de Osama Bin Laden.

O protagonista, republicano assumido, resolve mudar de postura após a reformulação da sua equipe e do programa que apresenta. A contratação de uma nova produtora, sua ex namorada [e isso aparece muito pouco na trama], acaba por despertar nele uma postura mais incisiva. A explicação dos novos paradigmas do jornal no segundo episódio da série é digna de admiração.

Curioso é perceber como, mesmo longe, algumas coisas não mudam. Há nos Estados Unidos emissoras como a Fox News, que se prestam a atacar o governo democrata e endeusar as atitudes de membros dos partido republicano. Essa atitude é até mesmo motivo de gozação em outros programas, como no SNL.

De forma quase similar, temos no Brasil jornais e revistam que curvam-se aos interesses do maior bolso com a naturalidade de quem toma café de manhã e esquecem da sua função crítica. A crítica, entretanto, acaba levando a uma infrutífera troca de acusações. Por aqui, infelizmente, qualquer provocação ao concorrente é respondida com processos por danos morais e materiais. Uma pena.

Não quero com isso dizer que jornais e jornalistas não devam tomar posição. Como formadores de opinião, talvez fosse melhor para ambas as partes que essa posição ficasse clara desde o início. Isso, acredito, fortaleceria a coerência, a autocrítica e, quem sabe, até melhoraria a qualidade dos veículos de comunicação. Mudar de posição conforme o bolso do patrocinador ou para agradar o dono da caneta governamental só prejudicam a nossa profissão.

O mundo real também aparece muito no universo da série. É nesse aspecto que a série da HBO ganha pontos. Algumas matérias e editoriais se baseiam em depoimentos reais. O editorial, quase sempre incisivo, aborda questões relevantes. Mostro, a seguir, um editorial onde ele faz suas críticas à mídia norte americana. O discurso é digno de aplauso.



A lição que fica, acredito, é a frase do Millôr sobre jornalismo: "Jornalismo é oposição. O resto é armazém de secos e molhados". Recomendo a você que veja a série. São apenas 10 episódios com a qualidade HBO [mesmo nível de Game of Thrones e Mad Men, por exemplo].  Veja. Você não vai se arrepender. E um recado aos meus amigos jornalistas: se essa série não inflamar os seus brios, talvez você esteja na profissão errada.

Inté

4/04/2013

A cortina de fumaça



Quando acompanhava o CQC com mais fervor, lembro de uma entrevista com o Deputado Jair Bolsonaro. Em uma das perguntas, ele se posicionou de forma bem clara sobre como ter educado bem os seus filhos evitava que os mesmos se envolvessem com homoafetivos. Você pode buscar o link no youtube ou clicar aqui.

Eu fechou muito com o pensamento da história cíclica [onde estamos fadados a repetir alguns dos nossos erros do passado. Em termos de Congresso Nacional, então, onde quase não há renovação, acredito que essa teoria é ainda mais forte.

Mas o meu ponto é: deu-se muita repercussão às declarações de Bolsonaro na época. Preta Gil foi convocada na semana seguinte para polemizar com o Deputado e o apresentador do programa, Marcelo Tas também abraçou a causa. O que se viu, após algum tempo, foi Bolsonaro perder quase por completo a sua projeção e, há quem diga, até parte da sua base de apoio.

Concordo que religião é um tema polêmico quando misturado com assuntos de Estado [e não apenas], mas vejo Feliciano como o Bolsonaro de amanhã. Não quero, ao dizer isso, diminuir a importância da luta social que está se travando nos corredores da Câmara dos Deputados [e como eu acho isso importante]. É muito importante que aconteça esse tipo de mobilização. Morei em Brasília por um ano e pude ver como o brasileiro se mobiliza frente às questões colocadas no Congresso Nacional.

Mas outra opção se coloca à nossa frente. E se a eleição do Feliciano for apenas uma cortina de fumaça? Quantos protestos [nacionais ou não] conta a eleição do Senador Renan Calheiros foram feitos  nos corredores do CN após a eleição de Feliciano? E o pior: quem garante que nesse exato momento não está sendo montada a cortina de fumaça que fará o Deputado sair da linha de frente dos holofotes e continuar o seu mandato sem maiores aborrecimentos.

E mesmo que se troque o Deputado por outro do mesmo partido, quem ou o que garante que sua postura não será a mesma ou pior?

O que fica dessa história toda é apenas um fato: precisamos aprender a escolher melhores representantes.

4/01/2013